Com certeza muitos de vocês querem saber como ajudar
os seus filhos a se alfabetizarem, ainda mais em tempos de educação remota como a que vivemos atualmente.
Por isso, preparamos cinco dicas que, junto do trabalho escolar, ajudarão seu filho a ler e escrever de modo lúdico e saudável.
Dica 1: Crie um ambiente alfabetizador para o seu filho.

Um ambiente é tanto mental quanto físico. Segundo Sandra Mourão Monteiro, da UFMG, tal
ambiente alfabetizador é um espaço “capaz de estimular e desafiar o aprendiz em seu
processo de aprendizagem (…) selecionando materiais de interesse das crianças,
organizando a exposição e o trabalho com esses materiais”.
Um exemplo simples e rápido de se fazer: espalhe pela casa post-its ou etiquetas com os
nomes dos objetos. Não importa quão trivial seja para você, o seu filho em fase de
alfabetização ainda não sabe que a palavra “mesa”, escrita com a união das letras M-E-S-A,
se refere a esse objeto com quatro pernas e um tampo. Espalhe essas etiquetas pela casa
inteira, pois o seu filho não fica confinado ao quarto dele: rotule os objetos que ele mais vê
ou usa na sala, na cozinha, no banheiro, e assim por diante. Além disso, faça etiquetas em
português, em inglês, em espanhol, o céu é o limite! Se você achar melhor, deixe cada
língua com uma cor diferente, assim o seu filho não só saberá que cada língua possui
termos distintos, mas também perceberá que certas letras têm sons diferentes em línguas
diferentes.
Dica 2: Explore rótulos de produtos e propagandas com ele.
A primeira fase da alfabetização se chama “pré-silábica”. Nesse momento a criança não lê
propriamente — no sentido dela conhecer os nomes das letras e os sons que elas produzem
— mas ela já decora palavras recorrentes na sua rotina. O exemplo mais clássico é a marca
“Coca-Cola”. Mesmo crianças bem pequenas conhecem a forma e as cores de um rótulo de
refrigerante e sabem que essa “figura” representa uma bebida saborosa. Isso se aplica a
outras marcas, como os arcos dourados do McDonald’s. Portanto, aproveite que o seu filho
tem contato com esses produtos e explore-os. Mostre que há duas palavras em
“Coca-Cola”, unidas por um tracinho. Pergunte se ele conhece a letra C. Peça que ele
aponte para essa letra e conte quantas vezes ela aparece no nome desse refrigerante.
Assim, aos poucos ele conseguirá decodificar o que está escrito, e futuramente poderá usar
esse conhecimento ao tentar ler outras palavras.
Em outro momento, pergunte para ele o que mais está escrito no rótulo. Mesmo que ele não
saiba ler ainda, faça ele pensar no que seria importante de se dizer num produto. Diga para
ele que nesse lado há a lista de ingredientes, nessa outra parte há uma tabela chamada
“informação nutricional”, e explique a importância de cada um desses elementos. Diga que
outras bebidas também têm essas informações nas embalagens. Repita esse processo em
quaisquer produtos que vocês tiverem em casa. Isso não só ajuda ele a lembrar as letras do
alfabeto, mas ele também perceberá que há um motivo específico para saber ler e escrever,
seja ele informacional, social etc.
Dica 3: Tenha livros e revistas à disposição na sua casa.

Ninguém aprende a ler e a escrever por “osmose”. Seja no quarto ou na sala, coloque livros
e revistas em lugares onde a criança possa pegar e manipular. Não precisam ser apenas
livros infantis ou histórias em quadrinhos, desde que não tenham palavras ou imagens que
possam ser inadequadas para crianças pequenas. Por exemplo, se você trabalhar com
design de interiores, não há nada que te impeça em deixar livros e revistas sobre esse
assunto na sala de estar da sua casa para que o seu filho os folheie. Você pode pegar um
momento para explicar o que você faz no seu trabalho e apontar para os textos e as
imagens, repetindo o que está escrito e explicando porque você se interessa por esse tema.
Assim vocês dividirão um momento especial e estudarão ao mesmo tempo!
Dica 4: Crie o hábito de “ler com o dedo”.

Ao ler para o seu filho, não importa se for um livro ou um rótulo, tenha o hábito de apontar
com o seu dedo o trecho que estiver lendo. Assim ele saberá onde você está na página e,
aos poucos, fará a conexão entre os sons que você está fazendo e as letras que ele está
vendo. Use a mesma lógica de um vídeo de karaokê: vá mudando a posição do seu dedo a
cada sílaba da palavra que você lê. Comece devagar, como ao ler “Co-ca-Co-la”, depois
pode ir com um pouco mais de velocidade. Caso não seja possível ou necessário fazer isso
sílaba por sílaba, mude a posição do seu dedo palavra por palavra para, quando a criança
já estiver mais familiarizada com a leitura, você poder apontar apenas para a frase em está
lendo. Assim ele também perceberá que certas palavras devem ser enfatizadas, que
vírgulas e pontos significam uma pausa, e que é necessário prestar atenção nos momentos
de respiro.
Dica 5: Tenha paciência.
Há um bom motivo para crianças ao redor do mundo precisarem de anos na Educação
Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental até que elas sejam alfabetizadas: isso
toma tempo e muita, muita, muita paciência. Esse texto é apenas uma ajuda para que esse
processo seja mais proveitoso e interessante para o seu filho, além de ajudá-lo a se
alfabetizar mais rapidamente. Mas nunca force isso, pois não se trata de uma competição.
Por causa de uma combinação de fatores, incluindo a influência familiar e o trabalho
escolar, algumas crianças conseguem ser alfabetizadas aos 5 anos e outras aos 8 anos. O
que importa é que segundo o documento que rege a educação no Brasil, a Base Nacional
Comum Curricular, a criança deve estar alfabetizada até o final do 2o ano do E.F. Portanto,
foque em ajudar o seu filho com paciência e dedicação.
Bons estudos!
BIO

A professora Luisa Gusi dá aulas em cursos de inglês e escolas
bilíngues desde 2016. Talvez ela seja uma colecionadora de
diplomas, sendo Normalista, Pedagoga, Licenciada em História,
Licenciada em Artes Visuais, Psicopedagoga, e atualmente é
mestranda na USP.