Quando questionam a qual passo está a evolução do bilinguismo no Brasil, podemos dizer que começamos muito tarde, mas que o passo está devidamente acelerado.
A preocupação em transformar a população em uma população bilíngue se torna cada vez mais relevante, ainda mais agora que, com a BNCC, o Inglês foi declarado Língua Franca. E já não se imagina o modelo antigo como aceitável
Mas o que ter um cérebro bilíngue traz de benefícios para quem o tem?
Novas pesquisas sugerem que falar duas línguas pode ter efeito profundo no modo como pensamos. O aprimoramento cognitivo é apenas o primeiro passo. Memórias, valores, até a personalidade podem mudar, dependendo da língua que falamos. É quase como se o cérebro bilíngue abrigasse duas mentes independentes.

A coordenadora da pós-graduação em Educação Bilíngue do Instituto Singularidades, Antonieta Megale, afirma que a ideia de que o ensino bilíngue traria confusão entre idiomas não ocorre porque a alfabetização em duas línguas é um processo único e que o aluno aplica o conhecimento de uma língua na outra. “Entre o inglês e o português, muito aprendizado é transferível. Por exemplo, a psicomotricidade e a junção entre letras e sílabas”.
Neurologicamente falando, o cérebro de uma criança bilíngue consegue criar mais sinapses neurais e por isso, tem maior facilidade na resolução de problemas (dos mais simples aos mais complexos), em exercitar o pensamento crítico, entre outras vantagens que uma criança monolíngue encontra maior dificuldade.
Ellen Bialystok defende que os cérebros de bilíngues passam por melhorias no chamado “sistema executivo” do cérebro, um conjunto de habilidades mentais que dá capacidade de bloquear informações irrelevantes e esta característica também os ajuda a passar de uma tarefa para outra sem ficarem confusos.
O sistema executivo é fundamental para praticamente tudo que fazemos, da leitura à matemática e até dirigir carros. Logo, melhorias nesse aspecto resultam em maior flexibilidade mental.
A experiência bilíngue deixa a massa cinzenta mais densa, criando espaço então para mais células e consequentemente mais conectividade cerebral. As virtudes do bilinguismo podem até alcançar nossas habilidades sociais, nos dando maior empatia, conseguindo colocar-se no lugar do outro, competência tão importante no Século XXI.
Indivíduos bilíngues têm mais facilidade de bloquear informações que já conhecem e se concentram no ponto de vista alheio.
Mas somente crianças podem se beneficiar com o bilinguismo?
Não é o que as mais recentes pesquisas científicas feitas pela Universidade de York, entre outras, comprovam. O bilinguismo também pode ser o responsável por retardar o aparecimento de doenças degenerativas, tais quais alzheimer, demência, entre outras. Portanto, aprender um segundo ou até mesmo um terceiro idioma traz benefícios neurológicos, independente de quando ou como forem inseridos nas realidades das pessoas.

O que não há de se negar é que o cidadão bilíngue consegue mais e tem mais ferramentas para lidar com todos os desafios que lhe são colocados à frente, em um mundo onde a cada aurora temos de solucionar questões nunca vistas e estarmos preparados para as mais variadas surpresas.
Rúbia Leite